O Maravilhas terá saltado e miado daquela maneira pois tinha escondido o meu amigo que ninguém encontrava.
Dlim... Dlom... novamente, a porta de madeira abriu-se e sentiu-se uma ligeira brisa.
O Maravilhas estava a ficar cada vez mais assustado e pensou para si:
─ O que vou fazer da minha vida agora? Se lhes contar a verdade, ninguém vai acreditar em mim, mas se eu continuar aqui parado a transpirar de medo, toda a gente vai achar que tive alguma coisa a ver com isto!
DLIM... DLOM... cada vez a campainha soava com mais intensidade.
De repente, entraram dois homens que diziam querer fazer festinhas ao gato.
─ São eles! - exclamou o Maravilhas, mas como era apenas um gato, os humanos não ouviram nada para além de um MIAU aflito.
─ O que raio se passa contigo hoje, Maravilhas? – interrogou-o o senhor Liácio.
─ Deve estar assustado pela presença de tanta gente nova e, como não está habituado, deu-lhe para isto - disse Nela num tom de gozo, mas ligeiramente preocupada com o pobre gato.
─ Mas isto é uma livraria, estão sempre a entrar e a sair clientes, Nela. Talvez hoje esteja maldisposto porque não dormiu bem!
─ Espero que seja apenas isso, tio...
Mas não era nada disso. Afinal, a razão pela qual Maravilhas estava tão exaltado, a razão pela qual escondeu o meu compincha era pelo puro e simples facto de aqueles dois jovens não serem quem aparentavam ser. Não eram dois jovens que apenas queriam fazer festinhas ao gatinho, mas sim dois jovens que pretendiam levar o Maravilhas!
E, esperto como é, escondeu o livro, pois sabia que o velho e previsível Liácio iria empatá-los com um livro sobre qualquer coisa. Afinal esse é o seu trabalho, e para empatá-los ainda mais, decidiu escondê-lo num sítio bem visível, mas que nunca conseguiriam alcançar. Mas mesmo assim não o conseguiam encontrar, por isso, eu e os meus amigos começámos a esvoaçar por toda a livraria como graciosas borboletas formando uma seta a apontar para a direção onde se encontrava o nosso amigo.
Mas, antes de sequer terem oportunidade de perceber o que se estava a passar, Dlim... Dlom... soou novamente a campainha. O Maravilhas disse:
─ Quem será agora? De certeza que gente boa não é!
Sania Ferreira, n.º25, 6.ºG